domingo, 11 de julho de 2010

Atire a Primeira Flor


Quando tudo for pedra,
Quando alguém estiver angustiado
à procura, consulte bem o que se passa,talvez seja em busca de você mesmo
que este seu irmão esteja;Daí, portanto,o seu deve ser o primeiro a aparecer,
o primeiro a mostrar-se,

primeiro que pode ser o único e,
mais sério ainda, talvez o último;
Quando a terra estiver seca,
que sua mão seja a primeira a regá-la;
Quando a flor se sufocar na urze e no espinho,
que sua mão seja a primeira a separar o joio,
a arrancar a praga, a afagar a pétala,
a acariciar a flor;
Se a porta estiver fechada,
de você venha a primeira chave;
Se o vento sopra frio,
que o calor de sua lareira seja a primeira

proteção e primeiro abrigo.
Se o pão for apenas massa e não estiver cozido,
seja você o primeiro forno
para transformá-lo em alimento.
Não atire a primeira pedra em quem erra.
De acusadores o mundo está cheio;
nem, por outro lado, aplauda o erro;
dentro em pouco, a ovação será ensurdecedora;

Ofereça sua mão primeiro para levantar quem caiu;
sua atenção primeiro para aquele que foi esquecido;
seja você o primeiro para aquele
que não tem ninguém;
Quando tudo for espinho,
atire a primeira flor;
seja o primeiro a mostrar que há caminho de volta,

compreendendo que o perdão regenera,
que a compreensão edifica,
que o auxílio possibilita

que o entendimento reconstrói.
Atire você,
quando tudo for pedra,
a primeira e decisiva flor.

(Glácia Daibert)

Um comentário:

  1. Oi Nara,

    quanta sensibilidade em suas bonitas palavras... Encantador texto cheio de poesia. Bj com carinho,

    Úrsula

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